terça-feira, 29 de setembro de 2009

O PRIMEIRO BEIJO

Se bem me recordo... agora
Foi mais que uma jura secreta
Aquele tal “beijo roubado”.
Na menininha da escola.

Ligeiro como um corcel dourado
Estalando o vão da boca
Ele foi ficando estrelado
Sorrindo e zombando
Da nossa idade pouca.

Tinha uma cor caramelo
Com sabores de carmim
Em raios meios difusos
De anjos vestindo sedas
Arcanjos e querubins...

Beijo.
Que me despiu a inocência.
Pureza que ficou no além.
Razão que pediu clemência
Em curvas sem muitas retas
Desgovernando a emoção...
Nascia ali o poeta
Gerado no fim da festa
Bobo e embriagado
Abalroando seu coração
E condenado,
A ultima potencia
De uma perpétua ilusão.



BERNAR

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Meus desenhos de infância


Que bom se meus desenhos feitos na infância
tivessem sido guardados
em uma caixa de sapato,
amarrada com cordão.
depois de tanto tempo,
rever os traços, as cores,
tudo feito de forma inocente,
provavelmente haveria uma folha
com uma casa fora de esquadro
com telhas lilás,
com porta e janelas em desordem,
lá no alto, bem no canto
provavelmente um sol amarelo
com olhos, boca
e vários traços arredor como os raios
imitando o clarear,
na porta da casa, um caminho
provavelmente pintado de marrom
com duas cercas,
chegando a lugar nenhum.
em outra folha,
uma igreja
com três torres tortas,
numa delas um sino pendurado,
mostrando a ponta do badalo,
cinco portas de tamanhos diferentes,
todas fechadas,
provavelmente pintadas de marrom,
na parte de baixo, um padre ajoelhado,
olhando para o céu.
em outra folha,
uma sala,
provavelmente a sala da minha casa,
no centro uma mesa com um vaso de flores
e quatro cadeiras,
ao lado uma prateleira, com xícaras e pratos
no outro lado um armário
com um rádio de botão,
no alto uma lâmpada solta
sem os fios de ligação.
em outra folha,
um animal estranho no meio do mato,
provavelmente uma onça,
esse desenho está pintado
de amarelo e preto.
em outra folha,
dois meninos jogando bola,
um com blusa azul e calção amarelo
o outro, com blusa verde e calção vermelho,
no meio, uma bola que não é redonda,
parece mais um ovo.
depois de rever, guardaria na mesma caixa
de sapato e amarraria com cordão.




DIÓGENES Oliveira

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Passos


Dar ao tempo o tempo de passar
E com os passos do tempo avançar
Alerta e atento, com o tempo
Firme e com esperança caminhar

Cada passo hesitante faz sentir
A dor de cada pedra, cada espinho
Cada mágoa de ontem e a vir
Caminhar é também prever caminho

Imaginai que cada pedra que pisais
Seja um dia pedra de um muro de rochedos
Onde em cada fresta florescem ais

Com o tempo flores selvagens de muralha
Vão nascendo aqui e além da pedra dura
E assim floresce a vida; maravilha!

Carlos Tronco
Mondevile
20/10/06

Carlos carpinteiro

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

ALGO
(A Janela do Sótão)

Algo envereda
Pelo silêncio
De toda queda.
Reconstrói o ócio

Envenenado
Das circunstâncias.
O vesgo enfado
De velhas ânsias

Flutua, tímido,
No sustenido
Tom destemido

Vindo, silente,
Na transcendente
Dor decadente.


Aroldo Ferreira Leão

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Sonho de criança

Quando criança sentia
Quão diferentes eram os caminhos,
Sem entender, observava
E uma tênue sombra me cobria.

Por que haveria de existir
Crianças sem o afeto materno,
Idosos cujas histórias negavam,
A correria da vida diária?

E eu, em meus pensamentos,
Sonhava com a justiça divina,
Olhava para o céu e pedia
Por aqueles que nem mais pediam.

Cresci, mas meu coração,
Por vezes se esconde no canto,
Da inocência juvenil,
Que pode tudo curar.

As pedras do meu caminho
Machucam os pés e eu choro,
Mas sinto que outros no mundo
Sofrem bem mais do que eu.

Quisera então abraçar,
A todos poder consolar,
E num grito de emoção,
A paz poder ofertar.


Cristina Arraes Moreira

domingo, 20 de setembro de 2009

BOM DIA, DIA DE DOMINGO.


O dia despertou preguiçoso, a lua sonolenta se escondeu,
Voam nos bosques pássaros cantores, numa explosão de vida,
O vento agita as flores belas e orvalhadas, define-se o amanhecer,
As nuvens no céu azul esmaecido correm nesta claridade furtiva.

O sol começa a surgir espalhando raios de calor,
Aquecendo uma flor pequenina que o sereno fez dormir,
Nesta doce contemplação, começa a lida diária,
Neste dilúvio de cores, sons, perfumes, e amores a sorrir.

As borboletas voam e a natureza realiza o sonho que nasce agora,
E derrepente é vida, é mágico, aos nossos olhos é maravilhoso,
Á nossa volta em movimento caminha o homem a sombra de DEUS,
Para mais um dia, quiçá, amigável na labuta, no repouso; prazeroso.


SALVADOR. 27//08//09
DOCE VAL

sábado, 19 de setembro de 2009

Nessa vida pedi um tempo... II

Preciso respirar... Devolva meu ar... Quero viver...
Veja o quanto me machuca... E nada conseguirá...
Sabe bem que posso me trancar em meu mundo
E nele não mais poderá entrar... Atenda ao meu pedido

Não é agindo assim... Que terá minha atenção.
Sei de sua aflição sinto o que sente... Em meu coração
Sei de suas dores e mágoas... Sei o quanto dói...
Estou aqui como sempre estive, mas não me pese.

Desejo agora que... Você... Minha poesia possa alcançar.
Entenda você que é parte de mim... Assim sempre vai ser
Até o momento que a dor acabar... E crescimento alcançar.
Mara Roubert

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O TÉDIO
(Harmonia Dissonante)

O tédio consumiu-te, isolou-te.
Nada sobrou de ti, mantiveste
No espírito o bailar do cipreste
Solto ao vento sem fim. Norteou-te

A visceral razão que acendeste
Nas entranhas. O sonho apressou-te
Na direção da vida, roubou-te
Da cicatriz que sempre soubeste

Administrar. Eternas surpresas
Burilaram as cores ilesas
Do abandono, cerraram o instante,

Petrificaram o mar agônico
Do desmantelo idoso e antagônico,
Sondaram o eixo do impulso errante.


Aroldo Ferreira Leão

terça-feira, 15 de setembro de 2009

criação


coloquei-o a despertar...
não, o pois o ressoou.
deixei que fosse me acordar
vendo assim
que o momento o seria...

pois o não de novo a troça...

repeli, o desligando.
e aspreitava só o momento...
pena, magras foste todo,
de acertar-me errante ao tempo...

e o não vem-me outra vez...

descredado,
joguei-me fora...
junto os, lápis, o caderno
e as poucas provas...

e enfim...me debandou.
começei sem saber do lixo.
da resalva...
agora aqui,
é onde estou!



FELIPE MINHOTO MARTINS

domingo, 13 de setembro de 2009

POEMA DO SONHO
(A Trilogia da Dor)

Soube que o mundo
Levou
Seus muitos sonhos,
Chorou.

Cheio de dor
Notou
Que todo o mar
Secou.

Ainda, lúcido,
Tentou
Vibrar. Que pena!
Voou


E leviano
Cantou
A música ímpar
De um show

Qualquer. Só sempre
Zombou
De si e da vida.
Doou

Tudo a ninguém.
Amou
Demais, apenas
Sonhou.


Aroldo Ferreira leão.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Vivendo

A vontade de viver está
Baseada não só em si próprio
Mas também no próximo
E na prosperidade de uma
Família ou grupo social

Um argentino que aqui
Passou já propunha:
“Ser revolucionário na tua
Idade é estudar muito e
Defender as causas justas.”

Viver não é simplesmente
Aceitar é muito mais que isso
Viver é lutar.


Isaac Dias

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Como eu queria


Como eu queria
Acordar todas as manhãs e ver seu sorriso,
Beijar sua boca, sentir teu corpo sobre o meu.

Como eu queria
Sorrir junto com você, quando soubesse
Que tudo o que queria é estar ao lado meu.

Como eu queria
Que todos os dias a primeira palavra que
Você me dirigiria seria, “eu te amo”.

Como eu queria
Sentir que quando estivéssemos juntos
Tudo em nossa volta desaparecesse.

Como eu queria
Saber que eu sou a única em sua vida
Mas não posso enganar-me...

Como eu queria...


Angela de Oliveira

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Você me imita em tudo.


Chega a cansar a beleza
Tamanha sua proeza em me imitar.
Chega a me dar ânsia
Náuseas, seus gestos são de extrema pobreza
Acha-se superior em tudo
Não tem senso do ridículo
Seu futuro é inserto, inseguro
Sua arrogância vai te levar ao tumulo
Sua amizade é duvidosa
Ninguém sabe o que pensas
Não sei se é pássaro o uma cobra venenosa
Não me leve a mau, isso não são ofensas
Seu espírito é pequeno,
Sua amizade não é doce é veneno e vagabundo
Não pode matar meu sonho sereno
Sua incapacidade te leva a me imitar em tudo.

Janaina Barbara

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Num monumento à aspirina


Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis da meteorologia,
a toda hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma,
quará-la, em linhos de um meio-dia.

Convergem: a aparência e os efeitos
da lente do comprimido de aspirina:
o acabamento esmerado desse cristal,
polido a esmeril e repolido a lima,
prefigura o clima onde ele faz viver
e o cartesiano de tudo nesse clima.
De outro lado, porque lente interna,
de uso interno, por detrás da retina,
não serve exclusivamente para o olho
a lente, ou o comprimido de aspirina:
ela reenfoca, para o corpo inteiro,
o borroso de ao redor, e o reafina.



João Cabral de Melo Neto

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ais

O meu coração não cabe em Si
Sem o sorriso termina com a Dó
A minha alegria começa com a Sol
E a música se inicia em Fá

O amor se propaga em Mi
E a amizade canta-se Lá
A solidão começa com a Ré
A tristeza termina numa Dó

Sete notas musicais
Para cantar a sua vinda
Sonhada e tanto querida

Tão cantada com tantos ais
Melodia, nota bem-vinda
Versos, poesia, poeta e vida.

(Ademar Oliveira de Lima)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

As vezes não se sabe quando
um amor começa.
As vezes não se tem certeza do que
se deseja.
As vezes nos arrependemos de alguma
atitude que tomamos.
As vezes temos certeza que
estamos apaixonados.
As vezes perdemos um
grande amor.
Sempre fico feliz quando lembro
que tenho você.


Isaac Dias
Verdade?
Não se pode querer o bem
Daquele que insiste em te fazer o mal.
A amizade só permanece
Enquanto a confiança é recíproca.
O amor se vai quando o coração
Perde a luta para a indiferença.
A justiça só é perfeita para
Quem não tem sentimentos
.A vontade de viver se esgota quando todas
As barreiras são vencidasou quando
Se acha não ter mais nem uma saída.

Isaac Dias

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Eu já previa.


Eu já previa.
Que toda esta alegria.
E vontade de viver.
Um dia acabaria.
Só não previ o sofrer.
Não pensei nunca na dor.
Porque sonhei ser eterno.
Mas percebi que o eterno também tem fim.
E a dor que estou sentindo.
Esta sim diminuindo.
Encontrei pessoas belas.
Que querem lutar por mim.
Por isso minha donzela.
Te desejos maravilhas.
Viva feliz e sorria.
Tu não tens culpas, ninguém tem.
Nosso amor durou o tanto.
Que tinha mesmo que durar.
E todo aquele encanto.
Tão belo de admirar.
Existe em cada pessoa.
Só precisamos encontrar.



Data 03/09/2009, Autoria: Denilson Tancredo